domingo, 22 de agosto de 2010

Esse é o nosso mundo


É inexplicável o momento em que descobrimos que gostamos do mesmo sexo. Pode vir como uma mistura de medo associada a uma ansiedade muito grande por descobrir o mundo, o verdadeiro mundo. É claro que não é assim para todos. Cada um guarda a sua própria história de vida. Muitos têm a sorte de chegar numa família que sabe exatamente como lidar com esses sentimentos "aparentemente tão diferentes"; mas muitos, infelizmente, lidam com seus responsáveis, com seus amigos, com educadores, com religiosos, etc, que passam ideias muito negativas da vida gay.

Mas, afinal, por que isso acontece?

São muitas as razões. A principal delas é o preconceito, ou seja, o desconhecimento da verdadeira realidade, uma visão limitadora da vida que costuma colocar todos num mesmo saco, como se todos (os gays, neste caso) fossem iguais. Entretanto, sabemos ninguém é igual a ninguém. Há pessoas de bom coração e aqueles que destroem vidas; há os que querem ajudar e aqueles que atrapalham, que destroem os nossos sonhos; há quem nos dê a mão e também aqueles que nos fazem cair, gays ou não-gays.

Se nossos pais ou responsáveis olham a vida gay como se fosse o fim do mundo ou o pior dos pecados, não quer dizer que não nos amem ou que são pessoas más. Eles certamente tiveram uma educação limitadora que formou suas opiniões. E também tiveram experiências que propiciaram essa maneira de ver as coisas. Por exemplo: se, em algum momento de suas vidas, encontraram algum homossexual que aprontava as piores ações, por alguma razão, podem passar a ver todos os gays como capazes de agir da mesma maneira. Isso é só um exemplo de como podem nascer os preconceitos.

Muitas religiões também podem acabar gerando uma visão limitadora e equivocada do comportamento homossexual. Por respeito aos mais experientes e pelas várias interpretações possíveis das escrituras sagradas, muitos passam a ver a vida gay como um erro, um pecado, uma opção.

Eu costumo dizer que ser gay só pode ser chamado de "opção" no caso de ser a "única opção possível" e quando "não há outra opção", já que ser gay é simplesmente ser gay e ninguém escolhe ser assim. Por acaso algum heterossexual decide ser heterossexual, em algum momento de suas vidas? Eles são o que são e nós somos o que somos. As opções - as nossas escolhas - de fato são valiosas para as nossas vidas, no que diz respeito a ética, a trabalho, a hobbies, a religião, política, times de futebol, etc, mas nada tem a ver com "sentir atração pelo mesmo sexo" e "sentir atração pelo sexo oposto", pois isso ocorre naturalmente. É claro que há os que gostam dos dois sexos - os bissexuais - mas isso é uma outra história, ok? A sexualidade é bastante complexa, por isso necessita de um estudo sem preconceitos para que possa ser desfrutada com respeito, com amor e responsabilidade.

Se você se descobriu sentindo atração por alguém do mesmo sexo, saiba que você não é o único, pois há milhões (ou mais) que já experimentaram e experimentam estes sentimentos. Saiba que ninguém é igual a ninguém; e não é a orientação sexual que determina se você é melhor ou pior, são as nossas ações, as nossas escolhas na vida.

E ninguém precisa sair por aí e contar para todo mundo "eu sou gay!", pois infelizmente, ainda vivemos num planeta cheio de preconceitos. Mesmo aqueles que mais nos amam podem defender verdades bem diferentes das nossas. Precisamos saber avaliar com todo o cuidado para quem podemos abrir o nosso coração. E também se devemos falar sobre o assunto. Será preciso compartilhar a nossa intimidade? Podemos ou não ser discretos com a nossa vida pessoal?

Saiba que há muitos homossexuais que constroem uma vida a dois com muito amor e cumplicidade. Há casais gays que adotam crianças que crescem tendo uma visão de respeito pelas diferenças e, contrariando o que muitos pregam por aí, não são influenciadas quanto à sua sexualidade.

Dizer que todos os gays são delicados por natureza, são sensíveis ou mais ligados às artes, isso é um grande equívoco. Os homens efeminados podem ser gays ou não. Os gays podem ser totalmente másculos ou se expressar de forma mais efeminada. E os efeminados também podem ser heterossexuais, pois nisso não há regras.Tenha em mente que não existe uma profissão gay, pois em todas as carreiras há homossexuais (e em quantidade).

E, finalmente, saiba que ser gay não é, nem nunca vai ser sinônimo de vulgaridade ou de promiscuidade. Há gays e heterossexuais de todos os perfis possíveis.

Vamos olhar o mundo como realmente é: um mundo que precisa e carece de liberdade de expressão, um mundo de riquezas culturais, um mundo imenso, cheio de ideias, de vidas, de diversidades sexuais que merecem a nossa atenção e todo o nosso respeito.

Vamos ser felizes vivendo as nossas próprias vidas e não as vidas dos outros.

Um beijo muito carinhoso,